Inferno brasileiro
O sistema carcerário brasileiro é infernal. Não reabilita ninguém. Transforma bandidos em demônios. Eles chegam ruins e saem muito piores. Nem saem, fogem. Entram homens maus e viram Amélias consentidas, com aliança de barbante no dedo. Perdem a masculinidade e ganham a desumanidade. Ficam sem os referenciais humanos e, sem passar pelo estágio das feras, se transformam em bestas malditas para as quais nem o Inferno abre as portas. Sua maior maldição é saber que a sua maldade explícita é idêntica, sem tirar nem pôr, à ruindade encoberta de quem, em nome da sociedade, os condena às profundezas da vida no meio da morte. Há muitas décadas já que, no Brasil, o mau exemplo vem de cima.
O sistema carcerário brasileiro é infernal. Não reabilita ninguém. Transforma bandidos em demônios. Eles chegam ruins e saem muito piores. Nem saem, fogem. Entram homens maus e viram Amélias consentidas, com aliança de barbante no dedo. Perdem a masculinidade e ganham a desumanidade. Ficam sem os referenciais humanos e, sem passar pelo estágio das feras, se transformam em bestas malditas para as quais nem o Inferno abre as portas. Sua maior maldição é saber que a sua maldade explícita é idêntica, sem tirar nem pôr, à ruindade encoberta de quem, em nome da sociedade, os condena às profundezas da vida no meio da morte. Há muitas décadas já que, no Brasil, o mau exemplo vem de cima.
O quadro de William-Adolphe Bouguereau (aqui transposto da Wikipédia) mostra Dante e Virgílio no Inferno. O pintor francês, nascido em La Rochelle, pretendia revelar os horrores das profundezas do mal. Nos presídios brasileiros, nada é tão plástico, nem tão limpo assim. O inferno da tela de Bouguerau, diante do sistema prisional brasileiro, é um singelo purgatório.
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