VAIA & APLAUSO
Como eu ia dizendo outro dia, acho o Lula muito engraçado. Eu me esbaldo na poltrona toda vez que ele aparece na TV. Aquela brabeza dele com as vaias é muito mais engraçada que o sorriso que mostra, penhoradamente agradecido, pelos aplausos de seus fiéis seguidores.
Lula me faz rir. Torce as coisas. Que nem os comediantes fazem com os percalços do cotidiano. Tiram do ridículo, das tragédias de todos os tamanhos, as suas melhores piadas. Então me divirto. Quer ver? Essa irritação dele com as vaias. Dá vontade de rolar no chão. Ele deveria ficar na dele, relaxar e gozar. Se o país não fosse um grande circo, se a minha sala não virasse picadeiro a todo o momento com a invasão de Lula e seus calamares eletrônicos, o Brasil não teria graça.
Mas, em nome da sinceridade e, para provar uma vez mais que eu não pego no pé de Lula, abro o coração em feitio de sugestão ao presidente dessa minha pândega República Calamar. Em nome disso mesmo, dou de graça e de mão beijada o conselho que negaria aos seus mais ferrenhos opositores.
Em verdade, em verdade, lhes digo: Lula deveria indignar-se muito mais com os aplausos do que com as vaias que tem recebido e as muitas que ainda estão por vir. As vaias são espontâneas; os aplausos são orquestrados. As vaias não custam nada; os aplausos não valem nada. As vaias servem para ensinar; os aplausos servem pra viciar. E Lula ainda fica brabo. É de dar risada.
Nuncanessepaís um presidente foi aplaudido, sem antes ter distribuído recursos, inaugurado um pontilhão, plantado uma árvore, lançado uma pedra fundamental, aberto os cofres das burras públicas, prometido mundo e fundos. O aplauso é o lado triste com jeito de festa desse populismo embasbacado. O aplauso ao populista é o lado cooptado do populacho. Mas o aplauso também veste fraque. É quando atende pelo nome de claque.
O cômico dessa tristeza toda é que, se aqueles que vaiam se dessem conta... aplaudiriam. A vaia anima; a claque desanima. A vaia inflama; a claque apaga a chama. A oposição é tão inoperante no Brasil que, ao invés de aplaudir, vaia. Já está ficando tão engraçada quanto Lula. Desse jeito, ainda morro embuchado de tanto conter o riso.
Tomara que Lula apareça de novo aqui na minha TV. Ando meio entristecido com essa trapalhada toda. Preciso rir de verdade. E vou aplaudir e bater pé. Depois, como preceitua a musa da República dos Calamares, aí sim relaxo e gozo.
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