Sérgio Siqueira Blog

Sérgio Siqueira - Jornalista como todo mundo e publicitário como qualquer um.

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Brasileiro, jornalista,viciado em liberdade de credo, pensamento e expressão.

15.5.07

JOGO DE CENA
Essas entrevistas coletivas oficiais servem apenas como palco para peças de monólogos, com o protagonista fazendo os jornalistas de coadjuvantes de um espetáculo que já passou. A fala dos repórteres em cena é um “caco”: esperam a "deixa", perguntam uma vez, não podem replicar, nem fazer outra pergunta. No enredo, o governo faz jogo de cena, finge não saber que numa coletiva a imprensa é meio e não veículo porta-voz da história oficial. O Palácio do Planalto – produtor executivo do show - confunde, no roteiro, prestação de contas do governo com publicidade oficial. Aí, o diretor-geral faz da peça um filme que a gente já viu. O mocinho não beija a mocinha, mas, no final da trama, se dá bem. E se chega sempre ao happy end: os coadjuvantes se contentam em ter desempenhado com perfeição o papel de cocô do cavalo do bandido. A platéia paga pra ver.

ENDEUSADO
Endeusado por mais de 60 milhões de fiéis, Lula pensa que é papa: não dá entrevista; faz declaração.

O MELHOR PROGRAMA
Para a Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, programa de rádio bom mesmo é só o “Café com o Presidente”.

COLETIVA
Aí, pra começar, Lula diz que às vezes se pergunta “qual é o papel de uma reeleição? O que um presidente de República deve fazer num segundo mandato?”. É então que a gente se pergunta: “Quer dizer, então, que ele não sabia?!? Foi para um segundo mandato sem saber nada do que deveria fazer?!?”.

HERANÇA
Lula reconhece que hoje ele não pode comparar o seu governo com os anteriores. Faz sentido: o último foi o dele mesmo.

ETIQUETA
Falando sobre a economia no país, Lula ensina que o governo “tem que fazer como a dona-de-casa: ela senta na mesa”... Senta na mesa, meu? Sentar à mesa é mais educado. Pelo menos se for sentar apenas para comer.

COMO NO RIO
Na coletiva à imprensa, Lula disse que “a crise política não entrou no Palácio do Planalto, nem mexeu comigo”... É que foi tipo assim bala perdida no Rio: entrou por uma porta e saiu pela outra. E não mexeu porque quando Waldobingo foi o primeiro a se mandar lá do terceiro andar, alguém gritou “mãos ao alto! Não se mexa”!

O SINDICALISTA
Falando aos jornalistas sobre greve de servidores públicos, Lula foi enfático: “Não queremos proibir greve; pelo contrário!”. Então, quer dizer que quer greve?!? Enfim se reconhece, lá no fundo, o velho e bom sindicalista. Nem a favor, nem contra; muito pelo contrário.

TAL E QUAL
De novo, Lula convincente: “Sou contra o aborto; mas quero uma ampla consulta popular”. Nesses momentos quem ressurge é o presidente-craque de futebol, ao mais puro estilo Claudiomiro, gênio do Inter: “Fiz que fui pela direita; fiz que fui pela esquerda; acabei fondo pelo meio”.