DÁ-CÁ, TOMA-LÁ
Lula - pra dizer e não mandar dizer - chamou, com o perdão da palavra, os aliados e avisou que só distribuirá cargos depois de aprovada a prorrogação da CPMF – o imposto do achaque. É a adoção explícita e sem vergonha nenhuma do sistema dá-cá-toma-lá. Nunca tantos aliados foram tão alinhados aos desejos do poderoso chefão. E nem tão, penhoradamente, agradecidos.

Esse tipo sórdido e interesseiro de submissão a um governante é a rendição do poder legislativo diante do poder totalitário, diante daquele que tem a chave do cofre e a que abre a porta. No futebol – para usar o eufemismo lulático – quando se leva um tostão, uma pancada na coxa, não se sofre um “princípio de distensão”; trata-se, no mínimo, pela liturgia médico-esportiva, de uma pequena distensão muscular. Mas já é uma distensão. E a tendência é evoluir, a menos que receba um tratamento de choque. Nos governos também se dá o mesmo: o início de um golpe já é o golpe em andamento. E, se não for contido, se agrava e chega ao estado terminal. O governo joga pesado, entra de sola e de carrinho em carrinho – cheios de tostões maldosamente aplicados – vai tirando os adversários de campo. E o árbitro não vê nada, não diz nada, não faz nada, nem mostra o cartão vermelho. Está na gaveta dos cartolas. Como Deus é brasileiro e ele é filho de Deus, também merece levar um carrinho cheio de tostões. Mas os torcedores sempre podem botar a sua mãe* na marca do pênalti. (*) Sua mãe - Tanto a do árbitro, quanto as mães dos jogadores, dos cartolas e dos torcedores.

SE...

Se Lula da Silva fosse Néstor Kirshner, teria que instituir La Talega Monumental - versão pampeira do Bolsa-Maracanã. Precisaria dobrar a renda dos jogos. Com os argentinos o gol é mais embaixo. Los hermanos são conhecidos pelo seu famoso "dáme dos". Só tem uma coisinha mais: se bufar e não pagar, eles vaiam.